Bandas metálicas e dendrômetros automáticos

 

As bandas dendrométricas foram instaladas em junho de 1999 e os dendrômetros automáticos em junho de 2001. As duas pesquisas estão localizadas a 90 km ao noroeste de Manaus, nos transectos norte-sul e leste-oeste do Projeto Jacarandá. Aproximadamente 300 árvores foram escolhidas aleatoriamente de um banco de dados do trabalho de Higuchi et. al., 1998), sendo 150 árvores em cada transecto. Essas árvores foram agrupadas nas seguintes classes diamétricas: 10 < DAP <30; 30 < DAP< 50; DAP ≥ 50cm; e distribuídas em mesmas proporções ao longo de cada transecto (20 x 2500 m), considerando ainda, os estratos platô, encosta e baixio. Atualmente, o banco possui cerca de 500 árvores.

Para a instalação dos dendrômetros automáticos foram escolhidas três espécies, repetidas três vezes cada. As repetições foram estabelecidas de acordo com o tipo de crescimento (lento, intermediário e rápido) ocorrido em 2000, observado no experimento com as bandas dendrométricas . As espécies escolhidas foram: Dipteryx odorota (Aubl.) Wild; Scleronema micranthum Ducke e Eschweilera coriaceae (DC) Marfcex Berg.

As medidas das variações de crescimento foram obtidas mensalmente utilizando um paquímetro digital, com precisão milimétrica. Para os dendrômetros automáticos, existem sensores que são potenciômetros adaptados; e um datalogger (coletor de dados). A contração ou dilatação do tronco é medida em minutos e registrada de hora em hora no datalogger. Abaixo, um conjunto de fotos ilustrando a banda dendrométrica e o dendrômetro automático.

 
 

A média do incremento anual em diâmetro, considerando todas as 300 árvores, monitoradas com as bandas dendrométricas durante 36 meses, foi de 1,77 ± 0,27mm. Usando os dendrômetros automáticos nas três espécies selecionadas (apenas espécies de dossel e emergentes) durante 12 meses, o incremento anual foi de 5,13 ± 2,47mm. O incremento obtido com as bandas é mais representativo da floresta mista amazônica porque no banco de dados estão incluídas as espécies de sub-bosque, de dossel e emergentes.

O padrão de incremento mensal dos indivíduos arbóreos monitorados durante 36 meses é bem definido, de acordo com o padrão de distribuição de chuvas; os picos de incremento ocorrem entre dezembro e abril coincidindo com os picos de precipitação; da mesma forma, os menores incrementos ocorrem entre junho e outubro quando ocorrem as menores precipitações.

O padrão de incremento mensal obtido com os dendrômetros confirma o padrão obtido com as bandas dendrométricas, sendo que a variação mensal do incremento horário é altamente significante. No entanto, o fator "hora" apresentou sinais fracos na definição do padrão de desenvolvimento radial horário das três espécies estudadas.

A confiabilidade das medições depende de considerações sobre a forma do caule, a fenologia da espécie e a ocorrência de infestações no fuste, tais como cipós, cupins e/ou parasitas.

Para inferir sobre o padrão de desenvolvimento individual em diâmetro de árvores da floresta amazônica, diversos outros fatores exercem influências e precisam ser considerados. Dentre esses fatores, pode-se mencionar a grande heterogeneidade de espécies e ecossistemas, as características peculiares de cada espécie e a fonologia dos grupos ecológicos associada aos fatores ambientais bióticos e abióticos e as características climatológicas de cada região.